terça-feira, 16 de novembro de 2010

A Arte de Perdoar


“Em todos os caminhos de crescimento humano, tanto psicológico quanto espiritual, uma ênfase especial é dada à questão da mágoa. Não só pelo sofrimento que ela produz, mas também pelo transtorno que provoca nos relacionamentos.

Qualquer que seja o nome que damos a esse sentimento, seja mágoa, rancor, ressentimento ou vingança, ele se caracteriza pela amargura na alma, uma sensação de injustiça a partir do mal que alguém nos fez.

Alem da dor, o componente fundamental da mágoa é a sua permanência. É uma incapacidade de parar de sofrer, mesmo com o passar do tempo.

E como é impossível levar nossas vidas sem sermos machucados pelas outras pessoas de vez em quando, tendo em vista a imperfeição da natureza humana, corremos o risco de acumular feridas e nos tornarmos pessoas amargas, desiludidas e sofredoras.

A mágoa é uma forma de guardarmos para depois coisas que não queremos resolver na hora.

Uma das características da vida é que ela só pode ser vivida no presente. O passado e o futuro, apesar de existirem na nossa cabeça, não têm existência real.

Seria uma grande tolice imaginarmos que podemos respirar para amanhã, que podemos viver ontem.

O natural é que as coisas sejam vividas, mesmo as ruins, no momento em que elas ocorrem.

O sentimento de raiva, que é natural, tem o objetivo de nos ajudar a resolver nossos problemas, incluindo as ofensas, traições ou quaisquer outros atos que as pessoas produzam.

Quando somos inibidos na nossa raiva, quando temos medo de expressá-la, ela esfria dentro de cada um de nós e se transforma em mágoa.

Mágoa é toda raiva que ficou para depois. É a raiva dentro da geladeira. É o medo de resolvermos nossos conflitos com outras pessoas no momento em que aparecem.

Guimarães Rosa define, magistralmente, a mágoa no seu livro Grande Sertão Veredas: “Mágoa é lamber frio o que o outro cozinhou quente demais para nós”.

...

Uma vez porem, instalada a mágoa, só nos resta uma saída: o perdão. Se a mágoa nos envenena e machuca, o perdão nos alivia e cura.

Pode-se medir a sanidade psicológica de alguém por sua capacidade de perdoar.

O perdão é a ponte que nos faz sair da depressão para a alegria: “Perdoai as nossas ofensas, assim como nós perdoamos aqueles que nos têm ofendido”.

Por que tanta dificuldade em perdoar? Porque há equívocos em torno do perdão que dificultam o exercício dele.

Primeiramente há uma crença falsa de que o beneficiário do perdão é a pessoa que nos ofendeu. O perdão é algo bom pra quem perdoa. Perdoar é ficar livre da dor causada pelo outro. É ficar livre daqueles que nos magoaram. E um presente dado a nós mesmos.

Em segundo lugar, há uma idéia igualmente falsa de que, ao perdoarmos, devemos esquecer o mal que nos fizeram e voltar a ter com a pessoa o mesmo relacionamento de antes. Perdoar não é esquecer. É apenas parar de sofrer.

Devemos, porém, aprender com a experiência e podemos, a partir daí, escolher qual relacionamento teremos com o ofensor. Perdoar não significa fazer de conta que nada aconteceu. Pelo contrário, temos de levar em conta a experiência, revendo a relação, e por isso mesmo, nos livrando do sofrimento.

Perdoar os outros é o presente que oferecemos a nós mesmos.

Chega de carregar na alma as ofensas e os que nos ofenderam.”

(Fonte: mensagem recebida)

Um comentário:

Meg disse...

Gostei muito deste texto. Passei adiante e tive ótimos retornos. Recebi até agradecimentos, imagine?
É, a dificil arte de perdoar, dá o que falar, mas os esclarecimentos do texto ajudam bem. Agora sou eu que digo: Parabéns Aurinha!
Bjss
Meg