domingo, 16 de dezembro de 2007



"A arte da vida consiste em fazer da vida uma obra de arte!" (Indira Gandhi)

As Coisas Boas


Cena do filme: A Corrente do Bem
As coisas boas

(...)
“Acho nosso momento tristíssimo. (...) Mas também vejo muita gente fazendo muita coisa positiva, gente querendo acertar, jovens ou velhos com esperança, pessoas espalhando o bem.

Cada vez que um de nós é leal com alguém, faz uma coisa boa; cada vez que respeitamos o outro com suas diferenças, seus dramas e necessidades, fazemos uma coisa boa.

Cada vez que somos decentes em vez de perversos, cada vez que cultivamos compreensão e respeito em lugar de rancor, cada vez que somos carinhosos, alegres, solidários, fazemos coisas muito boas.

Cada vez que um jovem estuda, trabalha, e se constrói como pessoa produtiva e positiva, faz algo muito bom.

Cada vez que um pai presta atenção no filho, cada vez que uma mãe é dedicada sem depois cobrar isso, fazem uma coisa boa.

Cada vez que alguém fuma seu último cigarro, bebe seu copo derradeiro, cheira sua ultimíssima carreirinha e dá o primeiro passo numa nova vida, faz uma coisa maravilhosa.

Sempre que alguém recusa uma baforada de maconha, negando-se a homenagear os traficantes que amanhã vão matar seu filho ou trucidar seu amigo, está fazendo uma coisa muito boa.

Quando olhamos uma árvore na beira da estrada, a luz do sol num gramado, a chuva na vidraça, a criança observando um besouro, um bebê dormindo, um velho rodeado pelos filhos, estamos fazendo uma coisa muito boa;

Cada professor mal pago que atende com dedicação seus alunos, cada médico de uma saúde pública apodrecida que cuida com humanidade de seus doentes, faz uma coisa muito boa.

Sempre que uma mulher aproxima os filhos do pai mostrando que ele é um ser humano, está fazendo uma coisa boa; cada filho que abraça o pai que já não o pode sustentar, faz uma coisa boa.

O político que rema contra a correnteza permanecendo honrado faz uma coisa muito boa.

Fazem-se muitas coisas boas neste mundo, e por isso ainda não nos matamos. Por isso ainda estamos abertos ao belo, ao bom e ao outro. Por isso vale a pena viver.

Mas, sinto muito, o ser humano é um animal predador: o desejo de destruir e arruinar coexiste em todos nós com a bondade, a decência, a dignidade. Que fazer? Somos assim.

Se pudermos estar do lado do bem, querendo melhorar o mundo, viva! As coisas não estão perdidas, a amargura não vai nos dominar, a sombra acabará fugindo da claridade, e continuaremos sendo, mais que feras, humanos.

Mesmo quando alguém escreve sobre as realidades menos bonitas, elas não precisam prevalecer. E muita gente continuará fazendo muita coisa boa, aos 16 anos, aos 68 ou aos 86”.

(Lya Luft)