terça-feira, 25 de dezembro de 2007

É Natal!



Como a cada ano, luzes, cores e festas, votos e felicitações, celebrações religiosas e iniciativas de solidariedade marcam a celebração do Natal.

É difícil não ser envolvido pelo clima de Natal, que está um pouco por toda parte e acaba contagiando a todos.

Ao mesmo tempo, podem existir pessoas que já se cansam com tudo isso até mesmo antes do Natal e se perguntam sobre o sentido de tanta agitação.

O que é mesmo o Natal? Na variedade das expressões culturais dos povos, o Natal recorda o nascimento de Jesus Cristo, iniciador do cristianismo.

Pode parecer que afirmo o óbvio, mas, talvez, isso já não seja tão evidente nos tempos em que "Papai Noel" roubou a cena e passou ao centro dos festejos de Natal; e o consumo quase compulsivo de bens acaba encobrindo o significado profundo da comemoração.

Uma canção de Natal adverte, com razão: "O povo pensa que, em pacotes, compra a paz".

Na origem do Natal está uma criança, o menino Jesus, nascido há mais de 2.000 anos, de Maria de Nazaré; sinais prodigiosos acompanharam o nascimento desse menino e já falavam do significado dele para a humanidade.

As histórias do nascimento de Jesus narradas pelos evangelhos, evidentemente, não são crônicas jornalísticas, mas testemunham a fé dos cristãos naquele que eles reconhecem como o Filho de Deus vindo a este mundo, o salvador da humanidade.

O Natal não trata, pois, de um mito, por meio do qual cada cultura expressa seus sonhos impossíveis, mas de um evento relacionado com uma pessoa real e histórica.

Os cristãos, ao longo da história, não se cansaram de interpretar o significado do nascimento de Jesus; expressaram na arte, na mística, na religiosidade, nas criações culturais populares e eruditas suas convicções sobre o nascimento do Filho de Deus em nossa carne humana; ainda hoje, não deixam de anunciar sua alegria pelo Natal e sobre Jesus Cristo.

O "mistério" do Natal ilumina a existência humana. Na criança do presépio, Deus veio ao encontro da humanidade, o Criador assumiu a condição da criatura e o Todo-poderoso tomou sobre si a fragilidade humana; o Eterno entrou no tempo, o Infinito assumiu os limites do mundo e o céu uniu-se à terra.
(...)

No dizer de São Paulo, Jesus é "o primogênito de muitos irmãos e veio estabelecer a paz entre os homens"; veio reunir toda a humanidade numa grande família, em que todos têm Deus como pai e se reconhecem como irmãos; fraternidade bonita, com enorme variedade de raças, línguas e culturas, mas vivendo em harmonia e cultivando a solidariedade, o respeito e a justiça.

Não será por isso que a festa do Natal geralmente é celebrada em família, ao redor da mesa, num clima de paz e bem querer?
(...)

(Cardeal Dom Odilo Pedro Scherer)- arcebispo de São Paulo.