quarta-feira, 27 de agosto de 2008


"Pode se viver uma vida em um momento".

(Cena e frase do filme Perfume de Mulher)

Heterônimos

Heterônimos

"Ao contrário dos pseudônimos - vários nomes para uma mesma personalidade - os heterônimos constituem várias pessoas que habitam um único poeta. Cada um deles tem a sua própria biografia, sua temática poética singular e seu estilo específico. É como se eus fragmentados e múltiplos explodissem dentro do artista, gerando poesias totalmente diversas. O próprio Fernando Pessoa explicou os seus heterônimos":

'Por qualquer motivo temperamental que me não proponho analisar, nem importa que analise, construí dentro de mim várias personagens distintas entre si e de mim, personagens essas a que atribuí poemas vários que não são como eu, nos meus sentimentos e idéias, os escreveria.
Assim têm estes poemas de Caeiro, os de Ricardo Reis e os de Álvaro de Campos que ser considerados. Não há que buscar em quaisquer deles idéias ou sentimentos meus, pois muitos deles exprimem idéias que não aceito, sentimentos que nunca tive. Há simplesmente que os ler como estão, que é aliás como se deve ler'.

Quando Vier a Primavera


"Quando vier a primavera,

Se eu já estiver morto,
As flores florirão da mesma maneira
E as árvores não serão menos verdes que na primavera passada.
A realidade não precisa de mim.


Sinto uma alegria enorme

ao pensar que a minha morte não tem importância nenhuma...

Se soubesse que amanhã morria

E a Primavera era depois de amanhã,
Morreria contente, porque ela era depois de amanhã.
Se esse é o seu tempo, quando havia ela de vir senão no seu tempo?
Gosto que tudo seja real e que tudo esteja certo;
E gosto porque assim seria, mesmo se eu não gostasse...
Por isso, se morrer agora, morro contente,

Porque tudo é real e tudo está certo.

Podem rezar latim sobre o meu caixão, se quiserem.
Se quiserem, podem dançar e cantar à roda dele.
Não tenho preferências para quando já não puder ter preferências.

O que for, quando for, é que será o que é."

(Alberto Caeiro - heterônimo de Fernando Pessoa)
“Não há fatos, só interpretações.” (Friedrich Nietzsche)
“Proximidade é coisa que se conquista.
Por convivência, afinidade, amor.
Estar perto não é causa,
é conseqüência dos nossos gestos.
Quando a gente fica junto sem hora marcada,
sem pressa, sem querer ir embora,
é amor”.