domingo, 17 de abril de 2011

Da felicidade intensa à tristeza profunda



"Cerca de 8% da população apresenta os sintomas mais marcantes do transtorno bipolar: a montanha-russa de humor.
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O diagnóstico não é tão simples. Isto porque o transtorno é caracterizado pelos extremos.
Em alguns momentos - e esse estado pode durar dias, semanas ou meses - a pessoa fica eufórica e pode sentir prazer extremo, alegria estonteante, autoestima elevada e uma sensação de poder incrível. Há quem não tenha sequer sono.

Mas na fase seguinte, que também pode durar dias, semanas ou meses, ela experimenta o outro lado da moeda. E vai da euforia à tristeza. São períodos de depressão profunda, em que nada lhe dá prazer e a rotina não faz mais sentido. Há quem sinta sono demais ou exagere na comida nessa fase.

Esse efeito montanha-russa tem consequências desastrosas para as esferas pessoal e profissional e, em geral, o paciente só procura ajuda quando a maré está baixa. Isso torna o diagnóstico mais difícil.

Nesse período, é comum que o portador do transtorno seja tratado como alguém deprimido. Daí, para muitos especialistas, a importância da família nas consultas. São os pais, a esposa ou o marido que podem dar subsídios para o médico traçar um panorama mais completo.

Sabe-se que a genética tem forte influência na origem do transtorno. Segundo a Associação Brasileira de Trantorno Bipolar, 50% dos portadores da doença têm pelo menos um familiar com o problema.

Acredita-se que cerca de 8% da população apresente os sintomas mais marcantes entre 15 e 25 anos. Mas já existem crianças diagnosticadas. A vantagem de perceber cedo esses estados alterados de humor é que o tratamento tende a ser mais eficiente. No entanto, ainda não é possível falar em cura, apenas em controle.

O trantorno bipolar pode vir à tona depois de períodos de estresse intenso. Outro dado interessante é que essas alterações aumentam o estresse oxidativo das células, ou seja, a saúde de quem sofre do transtorno tende a se deteriorar mais rapidamente porque o organismo envelhece em um ritmo mais acelerado.
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O transtorno não escolhe sexo. Homens e mulheres são vítimas, mas estudos sugerem que as mulheres apresentam mais episódios de depressão e estados mistos, em que a tristeza e a euforia trocam de papéis vertiginosamente.
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A psicoterapia é sempre necessária para ajudar o paciente a entender a doença, aceitá-la e, assim, voltar a encarar a vida com mais coragem e menos medo de ver sua rotina em uma eterna corda bamba."

(artigo da Veja - 20/04/2011 - Página Einstein - responsável técnico: Dr. Miguel Cendoroglo Neto)