segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

Cansaço

Cansaço

Foram tantas as palavras impensadas,
Foram tantas as dores repartidas,
Foram tantas as pedras e as feridas,
Foram tantas as mágoas despejadas...

Foram tantas as lágrimas caídas,
Foram tantas as metas mal findadas,
Foram tantas as pontas desligadas,

Foram tantos os abraços dispensados,
Foram tantos os desgostos disfarçados,
Que o amor – de tão ferido – fez-se mudo...

E hoje o cansaço impera, é o vencedor...
Fez-se tão grande o medo de mais dor,
Que só o silêncio paira sobre tudo.

(Silvia Schmidt)


"Solidão é quando nos perdemos de nós mesmos e procuramos em vão pela nossa alma". (Chico Buarque de Holanda)

sábado, 26 de dezembro de 2009

Dia de faxina

Dia de faxina

"Logo para começar, a melhor coisa a fazer é varrer toda essa raiva da frente.

A raiva do semelhante, do distinto, do consorte, de nós mesmos.

A raiva dos mais queridos, dos desafetos, dos inimigos, dos cretinos, dos boçais, dos corrompidos, dos coitados. Do destino. Do passado. Do presente. Do ausente. Da falta de sorte, da falta de tempo, da falta de estímulo, da falta de grana. Do desgraçado do chefe, do empregado, do salário, da injustiça. Do revés, do obstáculo. Da inércia. Da ausência de horizontes.

A raiva do amor. Da falta do amor. Do desgosto.

A raiva do mundo inteiro. E ainda a raiva da raiva, coitada, que não tem culpa de nada, só pratica seu ofício, é apenas sentimento.

É bom espanar com vigor a raiva que pulsa, sobe, explode e vinga.

Então, dá-se uma varredura geral naquelas guardadas, cultivadas, conservadas ou escondidas embaixo de algum tapete.

Dito que a raiva cega, assim que ela é afastada pode-se então enxergar mais fundo.

É hora de vasculhar as mágoas.

Certamente se encontrarão antiguidades. As mágoas de infância, mesmo as motivadas por tolices, são as mais enraizadas. Arranca-se tudo.

Em seguida aparecem as apaixonadas, dos tempos de juventude: invejas, ciúmes, traições, feridas mal cicatrizadas, tudo muito exagerado. Estas têm uma vantagem: muitas são vindas de êxtases, big-bangs adolescentes, foram devidamente expelidas desde quando apareceram, portanto já se desagregaram da alma.

O que sobrou é fragmento. Pouco. Resto.

Mas as mágoas mais recentes, as que permanecem alertas e continuam se alastrando, são veneno. Contaminam. Por isso é tão necessário que sejam remexidas com toda cautela possível.

Depois de identificadas, todas as mágoas, sem exceção, devem ser exterminadas. Recomenda-se muito fogo para reduzir a cinzas tudo que indevidamente ficou lá atrás, encarcerado.

Antes de dar cabo das frustrações que foram ficando incrustadas na gente, convém organizá-las para devida apreciação. Cada método de organização tem suas vantagens e desvantagens.

As frustrações podem ser selecionadas por ordem alfabética, cronológica ou de importância (o critério “importância”, além de ser bastante discutível, também é fadado a alterações circunstanciais, por vezes súbitas). Ou podem ficar misturadas, uma vez que fazem parte do mesmo tipo de sentimento: dor.

De uma forma ou de outra, é indicado rever uma a uma. Provavelmente descobriremos que elas já não fazem o menor sentido. Sendo assim, afastamos seus fantasmas.

Chegamos agora às culpas. Terreno perigoso. Cheio de armadilhas.

Há muitos tipos de culpa: as parasitas, as vampiras, as moluscas, as gulosas, as teimosas, as dissimuladas. Há aquelas que assumimos sabendo que não são nossas. As que nos submeteram, nos enfiaram goela adentro, e, humildes, incorporamos. Já viraram patrimônio. Estão entranhadas no corpo.

Há as que já nasceram ávidas para nos estragar o dia. Muitos dias. Meses. Anos. São as que nos fazem sentir causa, razão, motivo, estopim, bomba. Ah, como estas atormentam!

Visto que culpa é moléstia, neste ponto da faxina é imprescindível uma aniquilação geral e irrestrita, sem possibilidade de anistia alguma.

Deletadas as raivas, mágoas, frustrações e culpas caducas é então que ele surge, com seu jeito impávido: o cerne do sofrimento, origem das amarguras, principal culpado da bagunça – o medo. Como uma pérola dentro da ostra.

O medo de morrer. O medo de viver. O medo de perder. O medo de ganhar. O medo de crescer, agir, sofrer, querer, transformar. O medo de se encontrar.

Ele é o monstro, o demônio, o desterro.

Dá o fora, medo!

Queremos a alma limpa e arrumada."

Adriana Falcão (texto extraído do Estadão – 26/12/09)

sábado, 19 de dezembro de 2009


"A vida tem seus momentos...

torne-os inesquecíveis!

quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

"Seja fã da verdade

e fiel aos seus passos.

Adoce sorrisos. Leia olhares.

Seja um pouco anjo,

um pouco mágico.

Ame simples e sonhe sempre."

(mensagem do Shopping Pátio Higienópolis)