terça-feira, 17 de fevereiro de 2009

Soneto de Amor

Soneto de Amor

Talvez não ser é ser sem que tu sejas,


sem que vás cortando o meio-dia

como uma flor azul, sem que caminhes

mais tarde pela névoa e os ladrilhos,

sem essa luz que levas na mão

que talvez outros não verão dourada,

que talvez ninguém soube que crescia

como a origem rubra da rosa,

sem que sejas, enfim, sem que viesses

brusca, incitante, conhecer minha vida,

aragem de roseira, trigo do vento,

e desde então sou porque tu és,

e desde então és, sou e somos

e por amor serei, serás, seremos.

( Pablo Neruda )

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