"A casa sem dono certo, é de todo amigo que vem...Tem um portão bem aberto, você é dono também!"
segunda-feira, 28 de dezembro de 2009
Cansaço
Cansaço
Foram tantas as palavras impensadas,
Foram tantas as dores repartidas,
Foram tantas as pedras e as feridas,
Foram tantas as mágoas despejadas...
Foram tantas as lágrimas caídas,
Foram tantas as metas mal findadas,
Foram tantas as pontas desligadas,
Foram tantos os abraços dispensados,
Foram tantos os desgostos disfarçados,
Que o amor – de tão ferido – fez-se mudo...
E hoje o cansaço impera, é o vencedor...
Fez-se tão grande o medo de mais dor,
Que só o silêncio paira sobre tudo.
(Silvia Schmidt)
Foram tantas as palavras impensadas,
Foram tantas as dores repartidas,
Foram tantas as pedras e as feridas,
Foram tantas as mágoas despejadas...
Foram tantas as lágrimas caídas,
Foram tantas as metas mal findadas,
Foram tantas as pontas desligadas,
Foram tantos os abraços dispensados,
Foram tantos os desgostos disfarçados,
Que o amor – de tão ferido – fez-se mudo...
E hoje o cansaço impera, é o vencedor...
Fez-se tão grande o medo de mais dor,
Que só o silêncio paira sobre tudo.
(Silvia Schmidt)
sábado, 26 de dezembro de 2009
Dia de faxina
Dia de faxina
"Logo para começar, a melhor coisa a fazer é varrer toda essa raiva da frente.
A raiva do semelhante, do distinto, do consorte, de nós mesmos.
A raiva dos mais queridos, dos desafetos, dos inimigos, dos cretinos, dos boçais, dos corrompidos, dos coitados. Do destino. Do passado. Do presente. Do ausente. Da falta de sorte, da falta de tempo, da falta de estímulo, da falta de grana. Do desgraçado do chefe, do empregado, do salário, da injustiça. Do revés, do obstáculo. Da inércia. Da ausência de horizontes.
A raiva do amor. Da falta do amor. Do desgosto.
A raiva do mundo inteiro. E ainda a raiva da raiva, coitada, que não tem culpa de nada, só pratica seu ofício, é apenas sentimento.
É bom espanar com vigor a raiva que pulsa, sobe, explode e vinga.
Então, dá-se uma varredura geral naquelas guardadas, cultivadas, conservadas ou escondidas embaixo de algum tapete.
Dito que a raiva cega, assim que ela é afastada pode-se então enxergar mais fundo.
É hora de vasculhar as mágoas.
Certamente se encontrarão antiguidades. As mágoas de infância, mesmo as motivadas por tolices, são as mais enraizadas. Arranca-se tudo.
Em seguida aparecem as apaixonadas, dos tempos de juventude: invejas, ciúmes, traições, feridas mal cicatrizadas, tudo muito exagerado. Estas têm uma vantagem: muitas são vindas de êxtases, big-bangs adolescentes, foram devidamente expelidas desde quando apareceram, portanto já se desagregaram da alma.
O que sobrou é fragmento. Pouco. Resto.
Mas as mágoas mais recentes, as que permanecem alertas e continuam se alastrando, são veneno. Contaminam. Por isso é tão necessário que sejam remexidas com toda cautela possível.
Depois de identificadas, todas as mágoas, sem exceção, devem ser exterminadas. Recomenda-se muito fogo para reduzir a cinzas tudo que indevidamente ficou lá atrás, encarcerado.
Antes de dar cabo das frustrações que foram ficando incrustadas na gente, convém organizá-las para devida apreciação. Cada método de organização tem suas vantagens e desvantagens.
As frustrações podem ser selecionadas por ordem alfabética, cronológica ou de importância (o critério “importância”, além de ser bastante discutível, também é fadado a alterações circunstanciais, por vezes súbitas). Ou podem ficar misturadas, uma vez que fazem parte do mesmo tipo de sentimento: dor.
De uma forma ou de outra, é indicado rever uma a uma. Provavelmente descobriremos que elas já não fazem o menor sentido. Sendo assim, afastamos seus fantasmas.
Chegamos agora às culpas. Terreno perigoso. Cheio de armadilhas.
Há muitos tipos de culpa: as parasitas, as vampiras, as moluscas, as gulosas, as teimosas, as dissimuladas. Há aquelas que assumimos sabendo que não são nossas. As que nos submeteram, nos enfiaram goela adentro, e, humildes, incorporamos. Já viraram patrimônio. Estão entranhadas no corpo.
Há as que já nasceram ávidas para nos estragar o dia. Muitos dias. Meses. Anos. São as que nos fazem sentir causa, razão, motivo, estopim, bomba. Ah, como estas atormentam!
Visto que culpa é moléstia, neste ponto da faxina é imprescindível uma aniquilação geral e irrestrita, sem possibilidade de anistia alguma.
Deletadas as raivas, mágoas, frustrações e culpas caducas é então que ele surge, com seu jeito impávido: o cerne do sofrimento, origem das amarguras, principal culpado da bagunça – o medo. Como uma pérola dentro da ostra.
O medo de morrer. O medo de viver. O medo de perder. O medo de ganhar. O medo de crescer, agir, sofrer, querer, transformar. O medo de se encontrar.
Ele é o monstro, o demônio, o desterro.
Dá o fora, medo!
Queremos a alma limpa e arrumada."
Adriana Falcão (texto extraído do Estadão – 26/12/09)
"Logo para começar, a melhor coisa a fazer é varrer toda essa raiva da frente.
A raiva do semelhante, do distinto, do consorte, de nós mesmos.
A raiva dos mais queridos, dos desafetos, dos inimigos, dos cretinos, dos boçais, dos corrompidos, dos coitados. Do destino. Do passado. Do presente. Do ausente. Da falta de sorte, da falta de tempo, da falta de estímulo, da falta de grana. Do desgraçado do chefe, do empregado, do salário, da injustiça. Do revés, do obstáculo. Da inércia. Da ausência de horizontes.
A raiva do amor. Da falta do amor. Do desgosto.
A raiva do mundo inteiro. E ainda a raiva da raiva, coitada, que não tem culpa de nada, só pratica seu ofício, é apenas sentimento.
É bom espanar com vigor a raiva que pulsa, sobe, explode e vinga.
Então, dá-se uma varredura geral naquelas guardadas, cultivadas, conservadas ou escondidas embaixo de algum tapete.
Dito que a raiva cega, assim que ela é afastada pode-se então enxergar mais fundo.
É hora de vasculhar as mágoas.
Certamente se encontrarão antiguidades. As mágoas de infância, mesmo as motivadas por tolices, são as mais enraizadas. Arranca-se tudo.
Em seguida aparecem as apaixonadas, dos tempos de juventude: invejas, ciúmes, traições, feridas mal cicatrizadas, tudo muito exagerado. Estas têm uma vantagem: muitas são vindas de êxtases, big-bangs adolescentes, foram devidamente expelidas desde quando apareceram, portanto já se desagregaram da alma.
O que sobrou é fragmento. Pouco. Resto.
Mas as mágoas mais recentes, as que permanecem alertas e continuam se alastrando, são veneno. Contaminam. Por isso é tão necessário que sejam remexidas com toda cautela possível.
Depois de identificadas, todas as mágoas, sem exceção, devem ser exterminadas. Recomenda-se muito fogo para reduzir a cinzas tudo que indevidamente ficou lá atrás, encarcerado.
Antes de dar cabo das frustrações que foram ficando incrustadas na gente, convém organizá-las para devida apreciação. Cada método de organização tem suas vantagens e desvantagens.
As frustrações podem ser selecionadas por ordem alfabética, cronológica ou de importância (o critério “importância”, além de ser bastante discutível, também é fadado a alterações circunstanciais, por vezes súbitas). Ou podem ficar misturadas, uma vez que fazem parte do mesmo tipo de sentimento: dor.
De uma forma ou de outra, é indicado rever uma a uma. Provavelmente descobriremos que elas já não fazem o menor sentido. Sendo assim, afastamos seus fantasmas.
Chegamos agora às culpas. Terreno perigoso. Cheio de armadilhas.
Há muitos tipos de culpa: as parasitas, as vampiras, as moluscas, as gulosas, as teimosas, as dissimuladas. Há aquelas que assumimos sabendo que não são nossas. As que nos submeteram, nos enfiaram goela adentro, e, humildes, incorporamos. Já viraram patrimônio. Estão entranhadas no corpo.
Há as que já nasceram ávidas para nos estragar o dia. Muitos dias. Meses. Anos. São as que nos fazem sentir causa, razão, motivo, estopim, bomba. Ah, como estas atormentam!
Visto que culpa é moléstia, neste ponto da faxina é imprescindível uma aniquilação geral e irrestrita, sem possibilidade de anistia alguma.
Deletadas as raivas, mágoas, frustrações e culpas caducas é então que ele surge, com seu jeito impávido: o cerne do sofrimento, origem das amarguras, principal culpado da bagunça – o medo. Como uma pérola dentro da ostra.
O medo de morrer. O medo de viver. O medo de perder. O medo de ganhar. O medo de crescer, agir, sofrer, querer, transformar. O medo de se encontrar.
Ele é o monstro, o demônio, o desterro.
Dá o fora, medo!
Queremos a alma limpa e arrumada."
Adriana Falcão (texto extraído do Estadão – 26/12/09)
quinta-feira, 17 de dezembro de 2009
domingo, 29 de novembro de 2009
Sabedoria Feminina
terça-feira, 24 de novembro de 2009
sexta-feira, 13 de novembro de 2009
quinta-feira, 12 de novembro de 2009
domingo, 8 de novembro de 2009
sexta-feira, 6 de novembro de 2009
terça-feira, 3 de novembro de 2009
terça-feira, 27 de outubro de 2009
domingo, 25 de outubro de 2009
quinta-feira, 22 de outubro de 2009
Surround Me With Your Love
Olá
Você pode me escutar?
Por favor não se vá
Aonde você está indo?
Conversas passam pela minha cabeça
Isolamento tem uma cara feia
Me cerque com seu amor
Me entenda, eu preciso de você agora
Me cerque com suas palavras
Me entenda, eu preciso do seu amor
Eu preciso do seu amor
Eu preciso do seu amor
Olá
Eu estou tão sozinho
E os sentimentos são como doença
Venha e fique, fique ao meu lado
Fique sempre, para sempre, não vá
Me cerque com seu amor
Me entenda, eu preciso de você agora
Me cerque com suas palavras
Me entenda, eu preciso do seu amor
(Faz parte da trilha sonora do filme Um Segredo Entre Nós (Fireflies in the Garden)
domingo, 18 de outubro de 2009
quinta-feira, 15 de outubro de 2009
"Eu não sei o que eu possa parecer para o mundo; mas para mim eu pareço ter sido apenas como um garoto brincando na praia, e me divertindo de vez em quando encontrando uma pedra arredondada ou uma concha mais bonita que as comuns, enquanto o grande oceano da verdade repousa desconhecido perante mim." (Isaac Newton)
quarta-feira, 14 de outubro de 2009
terça-feira, 13 de outubro de 2009
segunda-feira, 12 de outubro de 2009
sábado, 3 de outubro de 2009
sábado, 26 de setembro de 2009
terça-feira, 15 de setembro de 2009
Vai
Vai
Composição: Simone Saback
(Ana Carolina)
Espera aí,
Nem vem com essa história
Eu nem quero ouvir
Não dá pra te esquecer agora
Como assim?
Você disse que me amava tanto ontem
Eu juro que ouvi
Calma aí!
Que diabo você tá dizendo agora?
Que onda é essa de outro lance pra viver?
Você nem pode tá falando sério
Vivi pra você
Morri pra você
Pois então vai, a porta esteve aberta o tempo todo
Sai! Quem tá lhe segurando? Você sabe voar.
Pois então vai, a porta na verdade nem existe, sai
O que está esperando? Você sabe voar.
Então tá bom
É, senta e conta logo tudo devagar
Não minta, não me faça suportar
Você caindo nesse abismo enorme
Tão fora de mim
Tá legal
É, e eu faço o quê com a nossa vida genial?
Cê vai viver pra outra vida
E eu fico aqui
Na vida que ficou em minha vida
Tão perto de mim
Tão longe de mim
Pois então vai, a porta esteve aberta o tempo todo
Sai! Quem tá lhe segurando? Você sabe voar
Pois então vai, a porta na verdade nem existe, sai
O que está esperando? Você sabe voar
De volta pra mim
De volta pra mim...
Vai, a porta esteve aberta o tempo todo
Sai! Quem tá lhe segurando? Você sabe voar
Vai, a porta na verdade nem existe, sai
O que está esperando? Você sabe voar
De volta pra mim
De volta pra mim...
Composição: Simone Saback
(Ana Carolina)
Espera aí,
Nem vem com essa história
Eu nem quero ouvir
Não dá pra te esquecer agora
Como assim?
Você disse que me amava tanto ontem
Eu juro que ouvi
Calma aí!
Que diabo você tá dizendo agora?
Que onda é essa de outro lance pra viver?
Você nem pode tá falando sério
Vivi pra você
Morri pra você
Pois então vai, a porta esteve aberta o tempo todo
Sai! Quem tá lhe segurando? Você sabe voar.
Pois então vai, a porta na verdade nem existe, sai
O que está esperando? Você sabe voar.
Então tá bom
É, senta e conta logo tudo devagar
Não minta, não me faça suportar
Você caindo nesse abismo enorme
Tão fora de mim
Tá legal
É, e eu faço o quê com a nossa vida genial?
Cê vai viver pra outra vida
E eu fico aqui
Na vida que ficou em minha vida
Tão perto de mim
Tão longe de mim
Pois então vai, a porta esteve aberta o tempo todo
Sai! Quem tá lhe segurando? Você sabe voar
Pois então vai, a porta na verdade nem existe, sai
O que está esperando? Você sabe voar
De volta pra mim
De volta pra mim...
Vai, a porta esteve aberta o tempo todo
Sai! Quem tá lhe segurando? Você sabe voar
Vai, a porta na verdade nem existe, sai
O que está esperando? Você sabe voar
De volta pra mim
De volta pra mim...
terça-feira, 8 de setembro de 2009
sábado, 5 de setembro de 2009
domingo, 30 de agosto de 2009
Sei lá, a vida tem sempre razão
Sei lá, a vida tem sempre razão
(Composição: Toquinho e Vinicius de Moraes)
Tem dias que eu fico pensando na vida
E sinceramente não vejo saída.
Como é por exemplo que dá pra entender
A gente mal nasce e começa a morrer.
Depois da chegada vem sempre a partida
Porque não há nada sem separação.
Sei lá, sei lá
A vida é uma grande ilusão.
Sei lá, Sei lá
Eu só sei que ela está com a razão.
Ninguém nunca sabe que males se apronta
Fazendo de conta, fingindo esquecer.
Que nada renasce antes que se acabe
E o sol que desponta tem que anoitecer.
De nada adianta ficar-se de fora
A hora do sim é um descuido do não.
Sei lá, sei lá
Só sei que é preciso paixão
Sei lá, sei lá
A vida tem sempre razão.
(Composição: Toquinho e Vinicius de Moraes)
Tem dias que eu fico pensando na vida
E sinceramente não vejo saída.
Como é por exemplo que dá pra entender
A gente mal nasce e começa a morrer.
Depois da chegada vem sempre a partida
Porque não há nada sem separação.
Sei lá, sei lá
A vida é uma grande ilusão.
Sei lá, Sei lá
Eu só sei que ela está com a razão.
Ninguém nunca sabe que males se apronta
Fazendo de conta, fingindo esquecer.
Que nada renasce antes que se acabe
E o sol que desponta tem que anoitecer.
De nada adianta ficar-se de fora
A hora do sim é um descuido do não.
Sei lá, sei lá
Só sei que é preciso paixão
Sei lá, sei lá
A vida tem sempre razão.
sexta-feira, 28 de agosto de 2009
quinta-feira, 27 de agosto de 2009
segunda-feira, 24 de agosto de 2009
sexta-feira, 21 de agosto de 2009
terça-feira, 18 de agosto de 2009
terça-feira, 11 de agosto de 2009
segunda-feira, 10 de agosto de 2009
Samba em Prelúdio (pérola do poetinha)
Samba em Prelúdio
(Compositores: Baden Powell e Vinícius De Moraes)
(Interpretação:Sérgio Endrigo e Fafá de Belém)
Eu sem você, não tenho porque,
porque sem você, não sei nem chorar.
Sou chama sem luz, jardim sem luar,
luar sem amor, amor sem se dar.
Eu sem você, sou só desamor,
um barco sem mar, um campo sem flor.
Tristeza que vai, tristeza que vem.
Sem você meu amor, eu não sou ninguém.
Ai! que saudade, que vontade de ver renascer nossa vida.
Volta querido, os meus braços precisam dos teus,
Teus abraços precisam dos meus.
Estou tão sozinha, tenho os olhos cansados de olhar para o além.
Vem ver a vida.
Sem você meu amor, eu não sou ninguém.
(Compositores: Baden Powell e Vinícius De Moraes)
(Interpretação:Sérgio Endrigo e Fafá de Belém)
Eu sem você, não tenho porque,
porque sem você, não sei nem chorar.
Sou chama sem luz, jardim sem luar,
luar sem amor, amor sem se dar.
Eu sem você, sou só desamor,
um barco sem mar, um campo sem flor.
Tristeza que vai, tristeza que vem.
Sem você meu amor, eu não sou ninguém.
Ai! que saudade, que vontade de ver renascer nossa vida.
Volta querido, os meus braços precisam dos teus,
Teus abraços precisam dos meus.
Estou tão sozinha, tenho os olhos cansados de olhar para o além.
Vem ver a vida.
Sem você meu amor, eu não sou ninguém.
quarta-feira, 5 de agosto de 2009
terça-feira, 4 de agosto de 2009
sábado, 1 de agosto de 2009
"Todas as melhores coisas da vida vêm embrulhadas em uma fita de risco.
Você abre o presente, assume o risco, e igualmente, a alegria.
Paternidade é assim. Casamento é assim. Amizade é assim.
Para poder experimentar a vida em sentido pleno,
você se expõe a um poço sem fim de vulnerabilidades.
Esta é a essência do amor verdadeiro."
(Kristin Armstrong)
Você abre o presente, assume o risco, e igualmente, a alegria.
Paternidade é assim. Casamento é assim. Amizade é assim.
Para poder experimentar a vida em sentido pleno,
você se expõe a um poço sem fim de vulnerabilidades.
Esta é a essência do amor verdadeiro."
(Kristin Armstrong)
sábado, 25 de julho de 2009
Boletim de Ocorrência
Boletim de ocorrência
Venho, por meio desta, registrar uma série de furtos dos quais estou sendo vítima nas últimas décadas.
Não mencionarei o fato de terem levado o principal, meus 17 anos, visto que naquela ocasião eu julgava aprovar a perda, na ansiedade de me tornar adulta. A denúncia em questão, portanto, vai limitar-se às subtrações alheias à minha vontade e consciência, ou seja, aquilo que realmente constitui furto, roubo, extorsão, e, em conseqüência, crime.
Levaram-me muitas afirmações e negações, muitas interrogações, muitas exclamações, minha capacidade de me surpreender todos os dias.
Tiraram-me o privilégio de não saber dar respostas exatas.
Levaram-me a tranqüilidade de comer batatas fritas.
Levaram-me minha ambição de brincar de pique-bandeira.
Levaram-me a satisfação de receber cartas pelos Correios, com letras azuis manuscritas pertencentes aos seus remetentes, meus entes queridos.
Levaram-me meu pai, levaram minha mãe, levaram minha permissão de chorar por qualquer motivo que eu julgasse conveniente.
Levaram os bebês que eu tive e me devolveram filhos em idade adulta.
Levaram minha urgência. Minha leviandade. Minha imprudência. Parte considerável da minha saudável ignorância.
Substituíram a minha aflição brutal por outra, mais sutil e complicada.
Foram levando, um a um, minha vitrola, meu gravador de rolo, meu walkman, meu aparelho de VHS e meu CD player, rebaixando meus discos e fitas à condição de entulho, e, não contentes com isso, carregaram meu orgulho de ser uma pessoa up-to-date.
Levaram minha possibilidade de dirigir um jipe sem capota por aí pela cidade.
Levaram-me a faculdade de ler livro, jornal, ou revista, sem um par de óculos na cara.
Levaram minha certidão de nascimento e, em seu lugar, deixaram um papel amarelado caindo aos pedaços.
Levaram-me um grande número de crenças.
Levaram minha coragem de me alucinar madrugada adentro.
Recorrentemente estão me levando todos os dias seguintes às minhas poucas noites de farra.
Extorquiram meu sossego de flanar, pela rua ou pela mente.
Surrupiaram parte do meu fôlego, dos meus ímpetos, do meu fogo.
Levaram minha licença de ficar de bobeira.
O prejuízo já se tornou incalculável, o que, por si só, já justificaria a queixa pública, mas parece ser também irrecuperável. O principal objetivo desse relato, portanto, é o desabafo.
Não vou negar que me presentearam com diversas coisas novas, entre elas uma boa dose de paciência. Não gostei de algumas destas, deste saudosismo, por exemplo. Não incrimino alguém em especial pelos roubos, nem o tempo, nem a vida, e até agradeço à morte pelo favor de não ter chegado ainda, permitindo assim que tudo isso acontecesse.
Também não solicito indenização.
Só queria tudo de novo.
(Adriana Falcão) - extraído do Estadão de 25/07/09
Venho, por meio desta, registrar uma série de furtos dos quais estou sendo vítima nas últimas décadas.
Não mencionarei o fato de terem levado o principal, meus 17 anos, visto que naquela ocasião eu julgava aprovar a perda, na ansiedade de me tornar adulta. A denúncia em questão, portanto, vai limitar-se às subtrações alheias à minha vontade e consciência, ou seja, aquilo que realmente constitui furto, roubo, extorsão, e, em conseqüência, crime.
Levaram-me muitas afirmações e negações, muitas interrogações, muitas exclamações, minha capacidade de me surpreender todos os dias.
Tiraram-me o privilégio de não saber dar respostas exatas.
Levaram-me a tranqüilidade de comer batatas fritas.
Levaram-me minha ambição de brincar de pique-bandeira.
Levaram-me a satisfação de receber cartas pelos Correios, com letras azuis manuscritas pertencentes aos seus remetentes, meus entes queridos.
Levaram-me meu pai, levaram minha mãe, levaram minha permissão de chorar por qualquer motivo que eu julgasse conveniente.
Levaram os bebês que eu tive e me devolveram filhos em idade adulta.
Levaram minha urgência. Minha leviandade. Minha imprudência. Parte considerável da minha saudável ignorância.
Substituíram a minha aflição brutal por outra, mais sutil e complicada.
Foram levando, um a um, minha vitrola, meu gravador de rolo, meu walkman, meu aparelho de VHS e meu CD player, rebaixando meus discos e fitas à condição de entulho, e, não contentes com isso, carregaram meu orgulho de ser uma pessoa up-to-date.
Levaram minha possibilidade de dirigir um jipe sem capota por aí pela cidade.
Levaram-me a faculdade de ler livro, jornal, ou revista, sem um par de óculos na cara.
Levaram minha certidão de nascimento e, em seu lugar, deixaram um papel amarelado caindo aos pedaços.
Levaram-me um grande número de crenças.
Levaram minha coragem de me alucinar madrugada adentro.
Recorrentemente estão me levando todos os dias seguintes às minhas poucas noites de farra.
Extorquiram meu sossego de flanar, pela rua ou pela mente.
Surrupiaram parte do meu fôlego, dos meus ímpetos, do meu fogo.
Levaram minha licença de ficar de bobeira.
O prejuízo já se tornou incalculável, o que, por si só, já justificaria a queixa pública, mas parece ser também irrecuperável. O principal objetivo desse relato, portanto, é o desabafo.
Não vou negar que me presentearam com diversas coisas novas, entre elas uma boa dose de paciência. Não gostei de algumas destas, deste saudosismo, por exemplo. Não incrimino alguém em especial pelos roubos, nem o tempo, nem a vida, e até agradeço à morte pelo favor de não ter chegado ainda, permitindo assim que tudo isso acontecesse.
Também não solicito indenização.
Só queria tudo de novo.
(Adriana Falcão) - extraído do Estadão de 25/07/09
sexta-feira, 26 de junho de 2009
terça-feira, 23 de junho de 2009
domingo, 21 de junho de 2009
Teus olhos
Teus Olhos
Compositores: Marcelo Camelo, Zé Pereira
(Ivete Sangalo e Marcelo Camelo)
Teus olhos abrem pra mim
Todos os encantos
Teus olhos abrem pra mim
Teus olhos abrem pra mim
Todos os encantos bons
Tudo que se quer vai lá
Eu vi na terra
Você chegando assim
Assim, de um jeito tão sereno
Ai, ai, meu Deus do céu
Eu vivo sem pensar
Se sou só
Acho que não vou mais
Agora tudo tanto faz,meu bem
Eu vi você passar
levando meu encanto
Caminho sem saber de mim
Eu vivo sem pensar
Se sou só
Ou sou mar
Mas eu conto com você
Pois enquanto eu não me resolver
Eu vou lá, eu vou lá
Mas enquanto eu não me resolver
Eu vou lá, eu vou lá
terça-feira, 16 de junho de 2009
"(...) O que me parece é que não é a idade que mede nossa adequação ao presente, mas o ritmo de nossos passos em relação ao passar do tempo...(De novo, a beleza da língua...os passos e o passar.) Quem anda a par e passo com o tempo que passa, faz da vida um passeio delicioso às margens desse imenso rio que é o fluxo das noites e dias. O que nos mantém atualizados é o presente, o estar aqui e agora". (Rosana Hermann)
segunda-feira, 15 de junho de 2009
Poesia é
(céu da lagoinha por áurea maria)
Poesia é a vida cantada,
Umas vezes rimada,
Outras vezes não.
Poesia é a vida chorada
Quando as palavras
São acompanhadas
Das lágrimas do coração.
Poesia é viver fingindo
Aquilo que se não sente
Ou aquilo que se esconde...
O poeta é um fingidor
Mas não se sabe até onde...
Há coisas que ficam guardadas,
Há outras que são pintadas
Com as cores do arco-íris,
Num mundo de fantasia
Que vive dentro de nós
E que ajuda a caminhada
Nesta estrada conturbada
Desta vida tão atroz.
Poesia são olhos iluminados
Por todos os nossos desejos
Poesia é chorar cantando,
Poesia é viver sonhando,
Em segredo, dentro de nós.
(Leonor Costa 27.01.2009)
sábado, 13 de junho de 2009
segunda-feira, 8 de junho de 2009
terça-feira, 2 de junho de 2009
Porque vale a pena viver!
Eu não me perdoaria, nunca, não estar viva para ver esta Diva do teatro (Marília Pêra) interpretando a música do Rei.
domingo, 31 de maio de 2009
sexta-feira, 29 de maio de 2009
quinta-feira, 28 de maio de 2009
terça-feira, 26 de maio de 2009
Difícil (pronto...)
Difícil
(Franco Levine/Composição: Natanny Cardoso)
Difícil é não pensar,
Difícil é não querer gritar,
Difícil é sentir que o mundo acabou sem ti,
Difícil olhar pra trás,
Difícil é não te ver jamais,
Difícil é ver meu rosto no espelho e rir.
Se ainda insisto,
talvez por pensar que as coisas poderiam se ajeitar,
e se te encontro, me perco todo,
e lá se vão meus planos,
e lá se vão meus planos para o ar.
(vídeo: áurea maria)
(Franco Levine/Composição: Natanny Cardoso)
Difícil é não pensar,
Difícil é não querer gritar,
Difícil é sentir que o mundo acabou sem ti,
Difícil olhar pra trás,
Difícil é não te ver jamais,
Difícil é ver meu rosto no espelho e rir.
Se ainda insisto,
talvez por pensar que as coisas poderiam se ajeitar,
e se te encontro, me perco todo,
e lá se vão meus planos,
e lá se vão meus planos para o ar.
(vídeo: áurea maria)
segunda-feira, 25 de maio de 2009
Eu sou feito de
Sonhos interrompidos
detalhes despercebidos
amores mal resolvidos.
Sou feito de
Choros sem ter razão
pessoas no coração
atos por impulsão.
Sinto falta de
Lugares que não conheci
experiências que não vivi
momentos que já esqueci.
Eu sou
Amor e carinho constante
distraída até o bastante
não paro por instante.
Já
Tive noites mal dormidas
perdi pessoas muito queridas
cumpri coisas não-prometidas.
Muitas vezes eu
Desisti sem mesmo tentar
pensei em fugir,para não enfrentar
sorri para não chorar.
Eu sinto pelas
Coisas que não mudei
amizades que não cultivei
aqueles que eu julguei
coisas que eu falei.
Tenho saudade
De pessoas que fui conhecendo
lembranças que fui esquecendo
amigos que acabei perdendo
Mas continuo vivendo e aprendendo.
(Martha Medeiros)
sábado, 23 de maio de 2009
sexta-feira, 22 de maio de 2009
quarta-feira, 20 de maio de 2009
A voz do Silêncio
A voz do silêncio.
Pior do que a voz que cala, é um silêncio que fala.
Simples, rápido! E quanta força!
Imediatamente me veio à cabeça situações em que o silêncio me disse verdades terríveis, pois você sabe, o silêncio não é dado a amenidades.
Um telefone mudo. Um e-mail que não chega.
Um encontro onde nenhum dos dois abre a boca.
Silêncios que falam sobre desinteresse, esquecimento, recusas.
Quantas coisas são ditas na quietude, depois de uma discussão.
O perdão não vem, nem um beijo, nem uma gargalhada para acabar com o clima de tensão.
Só ele permanece imutável, o silêncio, a ante-sala do fim.
É mil vezes preferível uma voz que diga coisas que a gente não quer ouvir, pois ao menos as palavras que são ditas indicam uma tentativa de entendimento.
Cordas vocais em funcionamento articulam argumentos, expõem suas queixas, jogam limpo.
Já o silêncio arquiteta planos que não são compartilhados.
Quando nada é dito, nada fica combinado.
Quantas vezes, numa discussão histérica, ouvimos um dos dois gritar: "Diz alguma coisa, mas não fica aí parado me olhando!"
É o silêncio de um, mandando más notícias para o desespero do outro.
É claro que há muitas situações em que o silêncio é bem-vindo.
Para um cara que trabalha com uma britadeira na rua, o silêncio é um bálsamo.
Para a professora de uma creche, o silêncio é um presente.
Para os seguranças de um show de rock, o silêncio é um sonho.
Mesmo no amor, quando a relação é sólida e madura, o silêncio a dois não incomoda, pois é o silêncio da paz.
O único silêncio que perturba, é aquele que fala.
E fala alto.
É quando ninguém bate à nossa porta, não há emails na caixa de entrada, não há recados na secretária eletrônica, e mesmo assim, você entende a mensagem.
(Martha Medeiros)
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