"A casa sem dono certo, é de todo amigo que vem...Tem um portão bem aberto, você é dono também!"
domingo, 27 de abril de 2008
O QUE MAIS IMPORTA
O QUE MAIS IMPORTA
Eu não queria comentar nada que se relacionasse à bestialidade que tem deixado atônito o país e que obsessivamente acompanhamos na mídia: o caso da menina brutalmente assassinada.
A descoberta do ou dos assassinos é necessária para que a justiça seja feita. Mas, infelizmente, isto não reparará o mal que foi cometido contra uma criança indefesa.
Resolvi postar algo, quando li a reportagem da brilhante Lya Luft, que sempre traduz, em palavras fáceis, o que realmente importa.
Vejam um trecho (não é preciso mais):
“... Na loucura que o caso provoca, porque ela poderia ser nossa criança sobre todas as coisas amada, o que mais me atormenta é a sua solidão.
Não a vi, em nenhum momento, abraçada, levada no colo por alguém desesperado que tentasse lhe devolver a vida que se esvaía, que a cobrisse de beijos, que a regasse de lágrimas, que a carregasse por aí gritando em agonia e pedindo ajuda. O que teria feito a pobre mãe se estivesse presente.
Estava ali deitada, a criança indefesa, como um bicho atropelado com o qual ninguém sabe o que fazer. Na nossa sociedade, em que as sombras mais escuras do nosso lado animal andam vivas e ativas, lá ficou, por um tempo interminável, caída, quebrada, arrebentada, e viva, a menina quase morta. SOZINHA”.
Eu não queria comentar nada que se relacionasse à bestialidade que tem deixado atônito o país e que obsessivamente acompanhamos na mídia: o caso da menina brutalmente assassinada.
A descoberta do ou dos assassinos é necessária para que a justiça seja feita. Mas, infelizmente, isto não reparará o mal que foi cometido contra uma criança indefesa.
Resolvi postar algo, quando li a reportagem da brilhante Lya Luft, que sempre traduz, em palavras fáceis, o que realmente importa.
Vejam um trecho (não é preciso mais):
“... Na loucura que o caso provoca, porque ela poderia ser nossa criança sobre todas as coisas amada, o que mais me atormenta é a sua solidão.
Não a vi, em nenhum momento, abraçada, levada no colo por alguém desesperado que tentasse lhe devolver a vida que se esvaía, que a cobrisse de beijos, que a regasse de lágrimas, que a carregasse por aí gritando em agonia e pedindo ajuda. O que teria feito a pobre mãe se estivesse presente.
Estava ali deitada, a criança indefesa, como um bicho atropelado com o qual ninguém sabe o que fazer. Na nossa sociedade, em que as sombras mais escuras do nosso lado animal andam vivas e ativas, lá ficou, por um tempo interminável, caída, quebrada, arrebentada, e viva, a menina quase morta. SOZINHA”.
Lya Fett Luft (1938)
É uma romancista, poetisa e tradutora brasileira. É também professora universitária e colunista da revista semanal Veja. Formou-se em letras anglo-germânicas e, desde os vinte anos, trabalha como tradutora de alemão e inglês. Também tem mestrados em literatura brasileira e lingüística aplicada.
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